É fácil de perceber que o mundo está nos dando uma nova chance de nos tornarmos protagonistas da micromobilidade do futuro e são inúmeras as razões para otimismo.
Contudo, enquanto fabricantes, montadoras e importadores se concentram em ligas mais leves, câmbios eletrônicos e motores elétricos mais eficientes, eu apelo para o fato de que precisamos combater imediatamente a falta de rastreabilidade das bicicletas e que precisamos aprender a nos beneficiar de tecnologias como IOT (Internet das Coisas) e Blockchain para conectarmos nossas bicicletas, literalmente, com este novo consumidor.
Minha tese é de que a Internet das Coisas será capaz de converter bicicletas, e demais modais de micromobilidade, de brinquedos divertidos, a veículos de verdade.
Ao exemplo da indústria automobilística, nossos números de chassi precisam comunicar mais do que um lote de importação, e a falta de inteligência no processo de fabricação impede que sejamos levados a sério.
Para ilustrar o que eu digo, uma caixa de medicamento controlado é mais rastreável do que uma bicicleta de milhares de reais.
Quando dialogamos com setores que foram chave para o impulsionamento da economia automobilística no passado - seguradoras, bancos e financeiras - passamos a entender que mais do que políticas públicas e revisão tributária, é a pauta da rastreabilidade que transformará o nosso mercado.
Entre outras inumeráveis vantagens, a rastreabilidade de bicicletas permite a comunicação direta entre fabricante e seu consumidor final, combate a livre circulação de falsificações e afeta definitivamente o comércio ilegal, tão crítico para o nosso setor.
Como consequência, teremos consumidores mais seguros para investir seu dinheiro, novas seguradoras e financeiras oferecerão produtos cada vez mais competitivos, criaremos um mercado de usados “certificados” e enfim, teremos abandonado séculos de amadorismo para transformar os brinquedos de hoje, nos veículos do futuro.